Fabiana Resende, diretora executiva do Plano de Amparo Social Imediato (PASI), participou de uma matéria feita pela Revista Cobertura na edição de agosto, que abordou esse tema pertinente. “Percebemos que, de forma geral, as empresas pequenas e médias valorizam ainda mais a qualidade do que o preço, pois conseguem perceber de forma mais próxima o impacto do serviço prestado, além do que a diferença de valor não impacta tanto no custo total, afinal o número de vidas vinculado é reduzido.” – disse Fabiana.
A crise econômica e financeira bate à porta de grandes empresas. Em algumas, ela já entrou e fez seus estragos. São inúmeros funcionários desempregados que perdem seus benefícios juntamente com sua renda mensal. Porém, essa crise alcança com menos força as pequenas e médias empresas.
A continuidade nos pagamentos das PME’s chama a atenção para sua perspectiva de crescimento, mesmo em meio à crise. De acordo com a Serasa Experian, durante o primeiro semestre de 2015, de cada mil pagamentos, 955 foram à vista ou com poucos dias de atraso. Em relação ao mesmo período do ano passado, essa pontualidade atingiu 95,3%, ou seja, praticamente uma estabilidade. Isso quer dizer que, de alguma forma, as empresas economizaram e mantiveram-se equilibradas financeiramente, a ponto de não deixarem de ser fiéis a seus pagamentos mensais.
Dessa forma, as PME’s são um nicho de grandes oportunidades para alguns ramos, entre eles, o seguro de vida. Isso porque esse tipo de seguro não está diretamente atrelado ao cenário econômico e sempre apresenta um crescimento em relação ao PIB. “No segmento de pequenas e médias empresas, o seguro de vida cresceu 10% ao longo dos últimos anos. Somente no primeiro semestre desse ano, o aumento foi em torno de 4%. Acreditamos ser um desenvolvimento razoável, por todo o potencial que possui, pois quando se olha o PIB com retração de 2% é algo para se comemorar”, comenta Alexandre Vicente, diretor de seguros pessoais da Liberty Seguros, que possui hoje em sua carteira aproximadamente 600 mil vidas.
Karina Massimoto, superintendente executiva de seguros individuais e coletivos do Grupo BB e Mapfre, concorda que o seguro de vida deixou de ser voltado somente para grandes empresas e agora encontrou um novo nicho de atuação. “Cada vez mais o seguro de vida deixa de ser exclusividade de grandes empresas e multinacionais e passa a ser um benefício presente também nas pequenas e médias empresas. O papel social do seguro de vida é muito importante, pois é uma proteção que pode ser levada às famílias dos segurados, com indenizações em caso de morte do segurado e coberturas que vão desde o custeio de despesas com funeral até o auxílio-alimentação à família, na falta do segurado titular”.
Porém, atender a demanda dessas empresas não é tarefa fácil. Por ter características específicas, é preciso coberturas diferenciadas, conforme o perfil de seus profissionais. “O principal desafio é identificar as demandas específicas e desenvolver produtos com soluções sob medida. Pensando nisso, contamos com underwriters especialistas, responsáveis por fazer a análise da operação e sugerir o produto e as condições mais adequadas, a fim de ofertar serviços de assistência exclusivos para a pequena e média empresa”, explica a diretora de seguros de pessoas da Tokio Marine, Nancy Rodrigues.
O seguro de vida ganhou no decorrer dos anos uma característica de benefício, tanto que é item exigido na maioria das Convenções Coletivas dos Trabalhadores. “Muitas empresas possuem um programa de benefícios definido, portanto, buscam sempre inovações em produtos ou serviços para a retenção de pessoas. Porém, há outro grupo de empresas que não possuem o benefício, mas que gradativamente procuram aderir ao seguro, seja por exigências trabalhistas, seja por consciência da importância do seguro de vida”, completa Nancy.
“Com um mercado cada vez mais competitivo, é imprescindível que as empresas de pequeno e médio porte busquem se diferenciar para atrair e reter talentos. Uma das formas é oferecendo ou ampliando o pacote de benefícios aos seus empregados”, afirma Bernardo Dieckmann, diretor de produtos de vida da Icatu Seguros, que possui a família de produtos Contrate Fácil, focada nas pequenas e médias empresas, que engloba produtos de seguros de vida e de previdência para atender empresas com três a 499 funcionários.
Porém, é preciso se diferenciar não somente em relação ao preço, mas também à qualidade e os serviços prestados às empresas e seus colaboradores. “Percebemos que, de forma geral, as empresas pequenas e médias valorizam ainda mais a qualidade do que o preço, pois conseguem perceber de forma mais próxima o impacto do serviço prestado, além do que a diferença de valor não impacta tanto no custo total, afinal o número de vidas vinculado é reduzido”, comenta a diretora executiva do Plano de Amparo Social Imediato, Fabiana Resende.
Para as PME’s ter um benefício como seguro de vida é um atrativo, pois traz também um acréscimo em outras áreas pessoais. “Existem pesquisas no mercado que mostram que esse tipo de seguro é o mais desejado por uma pessoa, hoje é considerado como um benefício oferecido pela empresa. Quando olhamos para esse ponto, um seguro de vida bem elaborado, formatado, reduz a rotatividade da empresa e traz também benefícios para a família”, lembra Vicente, da Liberty.
Indenização em vida
Esse é o grande atrativo dos seguros de vida atualmente. Ainda mais quando o colaborador é pai de família ou responsável financeiramente por outras pessoas. “Os benefícios dos planos de seguros de vida também são vistos com maior valor pelos segurados, uma vez que muitos deles podem ser utilizados em vida, como, por exemplo, a cobertura de auxílio à acessibilidade física, que permite ao segurado realizar ajustes necessários à sua mobilidade em caso de invalidez por acidente. No diagnóstico de câncer de mama, útero ou ovário a indenização também é paga à segurada. E há, ainda, as assistências que são pagas aos segurados com amplitude para sua viagem, residência ou seu veículo, aumentando o sentimento de proteção e reconhecimento do benefício ofertado pela empresa. Com isso, do ponto de vista do empregador, o seguro acaba atuando como uma importante fonte de retenção de talentos”, conta Massimoto, do Grupo BB e Mapfre.
No caso da Tokio Marine, “o atendimento especializado no momento crítico dos familiares isenta a empresa (segurado) de procedimentos não comuns ao seu dia a dia. Outro ponto é a programação orçamentária, em que o risco fica totalmente transferido para a seguradora”, explica Nancy. A cobertura em vida é o centro das atenções, ainda mais quando se trata de uma nova vida que vem ao mundo. “Oferecemos a Cesta Natalidade, o Bônus por Nascimento e diversas diárias de incapacidade temporária, algumas inclusive revertidas diretamente em alimentação para as famílias. A frequência de sinistro de morte e invalidez é mais baixa, mas sempre há um bebê nascendo entre algum funcionário do quadro, o que faz com que elas percebam ainda mais rápido o valor do seguro contratado”, ressalta Fabiana, do PASI.
Alexandre Vicente enfatiza ainda que essa cobertura em vida “ajuda a complementar o salário do funcionário, caso ele tenha que ficar um tempo parado, ou pode auxiliar a se readequar, a fazer exames, em caso de doenças graves. A procura por essas coberturas em vida vem em crescente e os corretores já enxergam isso como benefício”.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 1980 e 2013, a expectativa de vida no Brasil passou de 62,5 anos para 74,9 anos. E isso influencia diretamente na capacidade de desenvolvimento do seguro de vida. “Será preciso uma análise e reposicionamento, como a precificação, por exemplo, porque isso pode fazer com que o seguro fi que mais barato e atraente. O mercado tem que criar cobertura de longo prazo, não dá para ofertar serviços lá de trás”, explica Vicente.
Nancy Rodrigues, da Tokio Marine, também acredita que é preciso olhar para todas as áreas, pois há muitos aspectos a considerar. “Para o segurador, destacaria uma análise sobre a precificação, idade limite para contratação do seguro e a criação de novos serviços para este público. Do ponto de vista do consumidor, garantir a reestruturação financeira da família, além de outras preocupações, como a sustentabilidade da Previdência Social e o alto custo da saúde”.
Copo meio cheio na crise. Não é fácil identificar oportunidades, se o olhar continuar na parte vazia do copo. É preciso mudar o foco. É isso que acontece no PASI, por exemplo. “Com certeza, percebemos em todas as empresas de nossa carteira uma redução considerável no número de segurados, entretanto, nossa estratégia é a expansão de novas vendas e fechamento de alianças em segmentos ainda não trabalhados para conseguirmos manter o ritmo de crescimento da carteira. Estamos também focando em novas regiões demográficas para a expansão de mercados. Temos tido excelentes resultados com novas operações realizadas em alguns estados que ainda não tínhamos forte atuação”, comenta Fabiana Resende.
Para Alexandre Vicente, é preciso ir além e pensar diferente. “A solução é ser mais criativo, olhar a composição de custos e apostar no crescimento do mercado, porque esse ramo nunca ficou atrelado ao cenário econômico. É necessário também investir cada vez mais em tecnologia para ter agilidade e fidelizar o cliente”.
Além disso, há também outros benefícios para as empresas que devem ser levados em consideração. “Pensando no atual momento da economia, em que as empresas estão buscando por redução de despesas, os prêmios pagos de seguro de vida em benefício dos colaboradores podem ser deduzidos no IR, no caso das empresas que realizam sua declaração de imposto de renda pela opção de lucro real”, lembra Karina Massimoto, do Grupo BB e Mapfre.
Com todos esses benefícios do seguro de vida, só é possível vislumbrar um futuro promissor para um ramo que fica à margem da crise. “O objetivo da Tokio é dobrar a carteira de vida nos próximos três anos, atingindo o patamar de R$ 600 milhões de prêmios ao ano. E, nesse sentido, as PMEs são fundamentais para a sustentabilidade do nosso plano de expansão na carteira de vida”, conta Nancy.
A Icatu Seguros deve crescer mais de 50% até o final de 2015. O PASI acredita que terá em torno de 80% a 90% da carteira composta por micro, pequenas e médias empresas.
Na Liberty, as expectativas também são de crescimento “As expectativas são positivas, entendemos que esse mercado é promissor, tem um grande potencial. Temos ótimas perspectivas de crescimento, igual ou melhor que os anos anteriores”, finaliza Alexandre Vicente.
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